Publicado a 2 de Junho de 2015, em Cuidados de Saúde

Consultora para este artigo: Drª Patrícia Pinto Teixeira, médica especialista em Ginecologia-Obstetrícia

Que preocupações especiais de saúde devo passar a ter?

Antes de mais, faça um ponto de situação: está a cuidar bem da sua saúde e do seu corpo? “Analise os seus hábitos alimentares e de exercício, que são as bases da sua saúde”, aconselha a ginecologista e obstetra Patrícia Pinto Teixeira. Quanto a exames, tem de controlar de perto as doenças que tendem a aumentar com a idade, como a hipertensão arterial, o excesso de colesterol, a diabetes e o excesso de peso. Não adie, de maneira nenhuma, o rastreio das doenças cancerosas, como da mama – que é o que mais afecta as mulheres com mais de 40 anos – e do colo do útero. Deve fazer uma mamografia e uma citologia anualmente. Mais perto da menopausa, convém ainda monitorizar os ossos, para despistar osteoporose.

Que alterações posso esperar no meu corpo, nos próximos anos?

A menopausa só ocorrerá por volta dos 50 anos, mas agora está a entrar na fase pré-menopausa, ou climatério. Estes serão anos em que “já se verificam desequilíbrios hormonais que provocam uma degradação mental e emocional, que devem ser alvo de especial atenção”, diz a especialista. Os sintomas incluem irritabilidade, desmotivação, perturbações do sono, tensão mamária na altura da menstruação, tendência para o aumento de peso, cansaço, menor capacidade de raciocínio e memória, diminuição da libido e irregularidade menstrual. Para fazer face a isto, “existem alternativas naturais, sem fazer medicações agressivas, que permitem manter a qualidade de vida”.

Devo fazer algum tratamento hormonal?

Estes primeiros sintomas devem ser tratados se forem muito pronunciados e diminuírem a sua qualidade de vida. A compensação hormonal não é, no entanto, as mesmas que na menopausa. Os tratamentos da menopausa baseiam-se em dois componentes: estrogéneo e progesterona. Na fase pré-menopausa, é só à base de progesterona, que é a hormona que falha primeiro. “Mas estes tratamentos têm de ser feitos com muita cautela, uma vez que a progesterona tem efeitos secundários. Há vários suplementos naturais que podem ser tomados. A fitoterapia ajuda bastante nesta fase, bem como as hormonais naturais, que não são tão agressivas e melhoram significativamente a qualidade de vida”, aconselha a médica.

Já uso a pílula há vinte anos. Devo parar de tomar?

Isso depende sobretudo do seu estado de saúde geral. Mas a verdade é que “a pílula é uma agressão” e é possível que o seu organismo deixe de tolerar tão bem a pílula depois de tantos anos de uso. Para além disso, há factores de risco acrescido, como fumar. “Se fuma, deve parar de tomar a pílula – aliás, já devia ter parado aos 35 anos. Fora isto, se não houver efeitos secundários nítidos da pílula, pode continuar a tomar este método de contracepção” revela.

Há pílulas mais apropriadas para a minha idade?

Não, pode continuar a tomar a mesma, se estiver confortável com ela.

Se deixar de tomar a pílula, que método contraceptivo devo usar?

O método contraceptivo deve ser aquele com que você se sentir melhor. “O pior método, nesta fase, é fazer contas ao período fértil uma vez que podem haver surpresas nos ciclos, dada a aproximação da menopausa”, diz a especialista.

É seguro engravidar?

A partir dos 40 anos, há riscos acrescidos, tanto para a saúde da mãe, porque aumenta a probabilidade de doenças como a diabetes e a hipertensão, como do bebé, porque há um maior perigo de malformações. “No entanto, se a mulher estiver de boa saúde e tiver consciência que tem de fazer uma vigilância mais rigorosa, não vejo inconvenientes. Os avanços da medicina, os recursos de diagnóstico e acompanhamento, permitem-lhe ter filhos em segurança até mais tarde”, assegura Patrícia Pinto Teixeira. Nesta altura, é essencial fazer, para além de todos os exames normais, uma amniocentese, que dá conta de eventuais alterações cromossómicas.

É mais perigoso engravidar pela primeira vez ou ter uma nova gravidez?

Uma primeira gravidez após os 40 anos tem mais riscos que uma nova gravidez, especialmente a nível do parto. “O corpo tem mais dificuldade em preparar-se e, muitas vezes, a melhor opção é a cesariana. Se já tiver tido partos normais, não há razão para que este não o seja também.”

Posso continuar a usar os mesmos produtos de higiene íntima de sempre?

No climatério, a secura vaginal que faz parte da menopausa não é comum, portanto pode continuar a usar os mesmos produtos de sempre. Se sentir essa secura, recorra a cremes e loções higiénicas hidratantes. A alteração da flora vaginal só é evidente na menopausa, portanto nesta fase “não deverá existir uma maior probabilidade de infecções”.

O que não posso deixar de fazer?

“Uma alimentação correcta e exercício regular. Ter um médico de clínica geral e um médico ginecologista e visitá-los regularmente.” Se até aqui não foi assídua nas suas consultas, tem de sê-lo a partir de agora.

Fonte: http://activa.sapo.pt/arquivo/2014-05-16-10-perguntas-que-deve-fazer-ao-ginecologista-aos-40-anos